Jesus - Do nascimento aos 14 anos (Parte II)


ANO 1. 

O gosto pelos jogos e os constantes passeios pela colina do Nebi Sain valem-lhe uma dura reprimenda. José faz-Lhe ver que tem de se submeter à disciplina da casa.

No shebat (Janeiro-Fevereiro), Jesus tem uma das mais agradáveis surpresas da sua breve vida: neva em Nazaré.

Em Julho, o primogénito rola pelos degraus da escada encostada a uma das paredes da casa, cego por uma tempestade de areia. O acidente ressuscitou em Maria os velhos temores.

A 16 de Março, quarta-feira, nasce o quarto filho do casal: José.

Em Agosto, ao completar os sete anos e seguindo o costume, Jesus vai à escola.

Os estudos elementares” prolongavam-se até aos dez anos.

Jesus continua a escutar os peregrinos e caravaneiros. Isso permite-lhe aperfeiçoar o grego. Sua mãe ensina-o a ordenhar, a fazer queijo e a tecer.

Por essa altura, Jesus e o seu amigo Jacob descobrem a oficina do oleiro Nataham.

ANO 2

O bom aproveitamento de Jesus na escola proporciona-lhe uma licença”: de três em três semanas tem uma semana livre. E o rapaz dedica aquelas férias,, à pesca, na margem do yam, e à agricultura, na herdade de seu tio. A sua primeira experiência com uma rede teria lugar em Maio.

Naquele ano aparece em Nazaré um misterioso professor de matemática, oriundo de Damasco. O enigmático sábio inicia Jesus no mundo dos números e, principalmente, da Kabala.

Jesus ensina a seu irmão Tiago os rudimentos do abecedário.

Os mestres perdem a paciência com as inquietantes e, por vezes sacrílegas perguntas de Jesus. Tudo o interessa. Tudo lhe desperta interrogações. À sua volta gera-se um ambiente de repúdio e antipatia de determinados círculos de aldeia.

O falador Zacarias revela a Nahor, professor de uma das escolas rabínicas de Jerusalém, a existência em Nazaré do Messias. Nahor examina primeiro João e, posteriormente, desloca-se à Galileia. Embora o descaramento de Jesus em temas religiosos não seja do seu agrado, decide propor a sua partida para a Cidade Santa, para que possa estudar: José não vê com bons olhos aquele projeto. Pelo contrário, Maria pressente que pode ser o ponto alto da carreira “política” de seu Filho.

Perante o desacordo dos pais do menino Nahor consulta o interessado. Jesus decide permanecer em Nazaré.

Na noite de sexta-feira, 14 de Abril, chega ao mundo Simão, o terceiro dos seus irmãos varões. : Jesus vende o queijo e a manteiga que ele próprio preparava. Com o dinheiro paga as suas primeiras lições de música.

ANO 3 

Jesus conhece as habituais doenças da infância. O seu desenvolvimento físico é espetacular, destacando-se entre a população infantil da aldeia.

No Inverno regista-se um grave incidente. Jesus, excelente desenhador, comete o sacrilégio de pintar o rosto do seu mestre no pavimento da escola. O conselho de Nazaré reúne e José é admoestado. A lei judaica proibia todo o tipo de representações humanas. Jesus é ameaçado com a expulsão da escola e não voltará a pintar nem a modelar barro.

Na companhia de seu pai escala pela primeira vez o monte Tabor.

A 15 de Setembro nasce Marta, a segunda das irmãs, o que leva José a aumentar a casa.

Jesus trabalha na ceifa, na herdade de seu tio. Maria indigna-se ao saber que seu filho manejou uma foice.

ANO 4 

Prestes a completar os dez anos, a corpulência física e o desenvolvimento intelectual de Jesus convertem-no no chefe de um bando de sete amigos. Jacob, seu vizinho e íntimo amigo, é um deles. Jesus sente uma repugnância natural ante toda a violência. Isso traz-lhe sérios conflitos com os companheiros de brincadeiras.

A 5 de Julho dá-se um acontecimento que confunde seus pais.

Naquele sábado, num dos habituais passeios pelo campo, Jesus confessa a José que sentia que o seu Pai dos céus chamava por ele e que ele não era quem todos acreditavam que fosse. A partir daquela data tornar-se-ia taciturno e solitário, partilhando a companhia dos adultos.

Em Agosto entra na escola superior. As suas impertinentes perguntas passaram das marcas, provocando que o conselho chamasse à ordem seus pais. Os inimigos de Jesus acusaram-no de soberbo, descarado e vaidoso.

O seu gosto pela pesca aumenta, até ao ponto de comunicar a seu pai que, de futuro, deseja ser pescador.

ANO 5 

Por meados de Maio, Jesus acompanha o pai à cidade helenizada de Citópolis, na Decápole. A grandiosidade dos edifícios e a beleza dos jogos que presencia entusiasmam-no.

José ofende-se e envolve-se com o filho numa discussão acalorada. Na quarta-feira, 24 de Junho, Maria dá à luz Judas.

Por causa deste parto, a Senhora adoece. Jesus vê-se obrigado a suspender as aulas na escola e a cuidar da mãe e irmãos mais novos. As suas brincadeiras e distrações rareiam. As dúvidas sobre a verdadeira identidade continuam a atormentá-lo.

ANO 6

Jesus volta aos estudos. A sua maneira de ser muda: das constantes perguntas passa ao silêncio. Os pais não entendem aquela estranha transformação. 

Maria desespera. Não compreende por que razão o seu primogênito, Filho da Promessa, não atende nem compartilha as suas diretrizes para levantar a nação judaica contra Roma. 

As discussões conjugais, neste sentido, são constantes. Jesus mantém-se silencioso e refugia-se na música e na educação dos irmãos. No final do ano, por causa de uma submissão esmagadora às rígidas e absurdas normas religiosas da comunidade, Jesus cai num profundo abatimento.

ANO 7 

Jesus entra na adolescência. A sua voz e o seu corpo modificam-se. : Na noite de domingo, 9 de Janeiro, nasce Amos. Em Fevereiro, o esplêndido jovem supera o seu abatimento. Conjugaria, de momento, as férreas crenças dos seus antepassados com o secreto projeto que continuava a germinar no seu coração: Iluminar a humanidade, falando-lhe de seu Pai celestial.

A 20 de Março, depois de uma repousada e bela leitura na sinagoga, o povo sente-se orgulhoso daquele filho de Nazaré. E ressuscitam os velhos planos para que estude em Jerusalém.
Seguiria para a Cidade Santa ao completar quinze anos.

Nos primeiros dias de Abril recebe o diploma pelos seus estudos. José anuncia-lhe que, como adulto perante a lei, assistirá à sua primeira Páscoa em Jerusalém.

Na segunda-feira, 4, desse mês de Abril, um grupo de cento e trinta vizinhos empreende a marcha para a Cidade Santa. Nesta viagem, a família de Nazaré estabelece amizade com a de Lázaro, na Betânia. Pelo entardecer de quinta-feira, dia 7, Jesus contempla Jerusalém do monte das Oliveiras.

No dia seguinte, José levou Jesus a uma das prestigiadas academias rabínicas.
8 de Abril: nessa noite, aparece um anjo diante de Jesus e diz-lhe: “Chegou a hora. É já altura de começares a tratar dos assuntos de teu Pai”. E o Filho do Homem, muito lentamente, vai ganhando consciência da sua origem e natureza divinas.

No sábado, 9 de Abril, é consagrado no templo como filho da Lei. Jesus sofre uma profunda decepção perante a teatralidade e o derramamento de sangue que acompanham os ritos religiosos.
Os desacordos com seus pais continuam a aumentar.

No domingo, Jesus descobre as discussões entre os rabinos e os doutores da lei.

Antes da partida para a Galileia fica marcada a sua entrada na escola rabínica para Agosto do ano 9.
Jesus continua a assistir às conferências do Templo, mas não intervém.

A 18 de Abril, segunda-feira, os peregrinos concentram-se nas proximidades do Templo e partem rumo a Nazaré. Maria e José dão pelo desaparecimento do filho ao chegarem a Jericó.

Pelo meio-dia daquela segunda-feira Jesus tem plena consciência da marcha da caravana. Mas decide ficar e continuar a assistir às discussões do Templo.

Na manhã seguinte, ao passar pelo Olivete, Jesus chora amargamente, à vista de Jerusalém. José e Maria regressam à Cidade Santa e procuram-no desesperadamente.
Naquela jornada, o adolescente fala pela primeira vez perante os rabinos, provocando com as suas perguntas e comentários as mais díspares reações.

A terceira jornada de Jesus no Templo constitui um grande triunfo para o jovem de Nazaré. A notícia de uma criança galileia lançando no ridículo os vaidosos escribas e doutores da Lei espalha-se pela cidade.

Na quinta-feira, 21 de Abril, José e Maria decidem procurar Jesus fora de Jerusalém. Acorrem ao Templo para interrogar Zacarias e José reconhece a voz de seu filho entre os que assistem a um dos debates. Nessa mesma tarde, numa grande tensão, ini ciam o regresso à Galileia. O abismo entre as ideias de Maria e as do seu primogénito torna-se quase intransponível.

Ao entrar em Nazaré, Jesus prometeu a seus pais que nunca voltariam a sofrer por sua causa. Esperarei a minha hora, respondeu. E a Senhora reavivou os seus sonhos nacionalistas.

Mas Jesus encerrou-se num muro de silêncio, indo, cada vez mais, ao cume do Nebi.

O êxito, de Jesus em Jerusalém foi celebrado pelos seus professores e vizinhos. E muitos compartilharam as ilusões políticas de sua mãe: De Nazaré sairia um brilhante mestre e, quem sabe, um chefe de Israel.

ANO 8 

O jovem Jesus torna-se um homem de grande beleza.
Continuou a trabalhar como carpinteiro. E o seu espírito vai-se abrindo à realidade divina. Mas os seus passeios solitários e o acentuado distanciamento das ideias de sua mãe fizeram com que Maria duvidasse do prometido destino de seu filho. Além disso, o sempre pensativo carpinteiro não fazia milagres.

Apesar da tensa situação familiar, José preparou tudo para a admissão próxima do primogénito na escola rabínica de Jerusalém. O futuro parecia prometedor.

A 21 de Agosto, ao completar catorze anos, sua mãe oferece-lhe uma esplêndida túnica de linho, confeccionada por ela própria.

Mas na manhã de terça-feira, 25 de Setembro, a vida de Jesus e de toda a família sofreu uma dolorosa alteração: José ficará ferido, ao cair de uma obra na residência do governador, na vizinha cidade de Séforis. O empreiteiro de obras e pai terreno do Filho do Homem faleceu pouco depois, quando contava trinta e seis anos. Curiosamente, quase a mesma idade em que foi crucificado Jesus. No dia seguinte foi sepultado, em Nazaré.

(Nota de J. J. Benitez)

Adaptado da obra "Operação Cavalo de Tróia - Vol 4"


Author: J.J. Benitez

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