A Fé e a Misericórdia de Deus


Tomé estava ausente quando Jesus apareceu aos apóstolos reunidos no cenáculo, e agora ele precisa ver e tocar para crer. “Se eu não vir as marcas...não acreditarei”.

Com portas trancadas por medo dos judeus Jesus se lhes aparece trazendo a paz, e a confiança. “Não seja incrédulo mas fiel”. A insegurança e o medo os dominavam, as portas e as janeals do coração estavam fechadas. Jesus entra para trazer paz, confiança, alegria e o perdão dos pecados. “A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados”.

A experiência de Tomé é a nossa experiência de fé. As leituras apresentam três dimensões dessa fé:

1a. Dimensão primária: é a fé que exige provas, físicas ou intelectuais: ver e tocar para crer. Essa dimensão foi importante para afirmar que a Ressurreição de Jesus não era um simples sentimento espiritual ou um desejo de quem, derrotado, não quer morrer para sempre, mas era realmente Jesus ressuscitou em uma nova dimensão, ele mostra seu corpo glorificado. Não podemos ser demasiado racionalistas.

2a. Dimensão de quem crê na força e no poder de Deus que age no mundo de maneira extraordinária: aparições, curas de doenças, cura das maldades. É uma fé utilitarista mas nem por isso é negativa. A primeira leitura de hoje diz que o povo procurava os apóstolos por causa dos milagres, não fala que o povo era movido pela mensagem do evangelho. A maioria dos cristãos vivemos dessa fé.

3a. Dimensão da fé alicerçada na experiência de Deus, através da comunidade, da oração, da reflexão da Palavra, ao ponto de alcançar o grau contemplativo. Esta fé não é para todos.

As dúvidas de Tomé expressam a experiencia da comunidade apostólica que passa por essas tres dimensões da fé. Quem não procura o Cristo Ressuscitado na Comunidade, precisa de provas.

Jesus convida a todos, independentes da dimensão de fé que tenhamos: “Não sejam incrédulos mas fiéis”. “Felizes os que crerão sem ter visto”.

A fé não tem um ponto ideal como para dizer “já tenho fé suficiente” mas deve ser cultivada constantemente com a oração e a reflexão até chegar ao ponto de crer em Jesus ressuscitado sem a necessidade de ver e tocar, de compreender o de buscar eventos extraordinários.

A concretização da fé é o amor a Deus e ao próximo. “Não é aquele que diz Senhor, Senhor que entrará no Reino de Deus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu”.

A vontade do Pai é que cresça o Reino de Jesus: de paz, de justiça, de fraternidade, de misericórdia.

A misericórdia se expressa no perdão que Jesus nos ofereceu quando pregado na cruz: “Pai perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”; o perdão oferecido a Pedro, a Maria Madalena, ao bom ladrão; o perdão do Pai misericordiosos, o perdão oferecido por Jesus através da Igreja a todos nós ao soprar sobre os apóstolos o Espírito Santo dando-lhes o poder de perdoar os pecados: “ Recebei o Espírito Santo, a todos os que perdoardes os pecados lhes serão perdoados...”. É a Misericórdia que junto com o dom da paz nos traz alegria.

Todos nós e todos os dias precisamos da misericórdia divina porque todos os dias pecamos. Mas também precisamos aprender a ser misericordiosos com os demais. É justamente para esse fim que essa festa foi instituída.

Num mundo sem piedade e sem misericórdia, sem compaixão e sem perdão; um mundo de explorados e exploradores, de torturados e torturadores, dos sofredores e dos indiferentes, neste mundo dilacerado pela discórdia e pela desunião, precisamos aprender novamente do coração de Jesus manso e humilde, a ser misericordiosos como nosso Pai do céu é misericordioso.

http://www.catolicosnaflorida.org

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